
Temos assim dois aspectos muito negativos, num sistema que todos os anos consome recursos financeiros muito elevados, sendo Portugal um dos países da União que mais gasta com o Ensino Básico e Secundário na União Europeia em proporção à riqueza que produz.
Nos últimos 5 anos, os dois governos de José Sócrates tiveram uma estratégia que se resumiu na introdução de um processo extremamente burocrático de avaliação dos professores e na generalização de aulas de substituição sem lógica educativa, com péssimos resultados práticos. Nos governos anteriores também se assistiu a tentativas desgarradas de melhoria do ensino, sempre com resultados cada vez piores.
Assim pode-se concluir que a falta de sucesso do ensino básico e secundário não está directamente relacionada com o facto dos governos serem do PS ou do PSD mas por razões mais profundas, e que meu ver são essencialmente as seguintes:
a) Uma concepção errada de que o essencial nas escolas não é a necessidade da escola conseguir que os alunos adquiram conhecimentos profundos, e cada mais mais complexos em cada grau de ensino sobre as matérias ditas clássicas : saber ler e escrever bem, saber matemática , saber história e geografia do país e do mundo, saber física e química, saber escrever inglês, etc.
b) Conceber a escola e o ensino como um local e um sistema onde o aluno aprende a aprender, onde convive, e fica com umas ideias vagas sobre variados temas, sem nunca saber verdadeiramente nada em profundidade, e onde nunca se fala que estudar exige esforço e dedicação, que mais tarde serão recompensados pela sociedade.
c) Não entender que sem disciplina, não é possível ter um ambiente propicio ao estudo e aprendizagem, e não entender que com este sistema de ensino quem mais perde são os alunos de menores rendimentos, pois os outros ou vão para o ensino privado ou têm explicações, ou os pais têm conhecimentos e tempo para ajudar os filhos.
O Norte mais uma vez é sacrificado, pois nesta região os índices escolares dos país dos alunos são baixos, os empregos são essencialmente privados e com baixas remunerações, os horários de trabalho normalmente excedem as oito horas de forma a garantirem uma pequena remuneração extra, não havendo tempo nem capacidade colmatar as falhas graves que as escolas têm.
É no Norte, que é a região mais pobre de Portugal, que mais se sente e sentirá a mediocridade do ensino básico e secundário. Proponho assim que os autarcas dos municípios do Norte, e todos os cidadão deste região, reflictam e digam que não querem continuar com este modelo de ensino que nos atrasa cada vez mais em vez de ser uma arma para sairmos deste emprobrecimento gradual.
O que fazer então para rapidamente alterar este estado de coisas:
a) Quais são as escolas no Norte em cada distrito que mais sucesso têm nos exames da OCDE e nos exames nacionais? Quem são os professores que dirigem essas escolas ? Vamos usar os métodos dessas escolas de sucesso e aplicá-las nas outras. Vamos pegar nos professores que têm sucesso e colocá-los a gerir cada vez mais escolas e retirar da gestão aqueles que têm piores resultados. O exemplo tem de vir de cima.
b) Cada concelho, deverá estabelecer pelo menos uma escola básica e outra secundária de excelência, em associação com escolas privadas ou cooperativas, que irão servir de referência e obrigar mais cedo ou mais tarde o ministério da educação a mudar de atitude.
Este é um custo que vale a pena ter em cada Município! Dar o exemplo é a forma mais fácil de ter razão.
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