É quase consensual em Portugal que o nosso ensino básico e secundário é de fraca qualidade, ficando Portugal sistematicamente nos últimos lugares nas avaliações feitas pela OCDE, com resultados semelhantes ao México. É um ensino que por outro lado não cativa os alunos, atendendo às elevadas taxas de reprovação e de abandono escolar, as mais altas da União Europeia.
Temos assim dois aspectos muito negativos, num sistema que todos os anos consome recursos financeiros muito elevados, sendo Portugal um dos países da União que mais gasta com o Ensino Básico e Secundário na União Europeia em proporção à riqueza que produz.
Nos últimos 5 anos, os dois governos de José Sócrates tiveram uma estratégia que se resumiu na introdução de um processo extremamente burocrático de avaliação dos professores e na generalização de aulas de substituição sem lógica educativa, com péssimos resultados práticos. Nos governos anteriores também se assistiu a tentativas desgarradas de melhoria do ensino, sempre com resultados cada vez piores.
Assim pode-se concluir que a falta de sucesso do ensino básico e secundário não está directamente relacionada com o facto dos governos serem do PS ou do PSD mas por razões mais profundas, e que meu ver são essencialmente as seguintes:
a) Uma concepção errada de que o essencial nas escolas não é a necessidade da escola conseguir que os alunos adquiram conhecimentos profundos, e cada mais mais complexos em cada grau de ensino sobre as matérias ditas clássicas : saber ler e escrever bem, saber matemática , saber história e geografia do país e do mundo, saber física e química, saber escrever inglês, etc.
b) Conceber a escola e o ensino como um local e um sistema onde o aluno aprende a aprender, onde convive, e fica com umas ideias vagas sobre variados temas, sem nunca saber verdadeiramente nada em profundidade, e onde nunca se fala que estudar exige esforço e dedicação, que mais tarde serão recompensados pela sociedade.
c) Não entender que sem disciplina, não é possível ter um ambiente propicio ao estudo e aprendizagem, e não entender que com este sistema de ensino quem mais perde são os alunos de menores rendimentos, pois os outros ou vão para o ensino privado ou têm explicações, ou os pais têm conhecimentos e tempo para ajudar os filhos.
O Norte mais uma vez é sacrificado, pois nesta região os índices escolares dos país dos alunos são baixos, os empregos são essencialmente privados e com baixas remunerações, os horários de trabalho normalmente excedem as oito horas de forma a garantirem uma pequena remuneração extra, não havendo tempo nem capacidade colmatar as falhas graves que as escolas têm.
É no Norte, que é a região mais pobre de Portugal, que mais se sente e sentirá a mediocridade do ensino básico e secundário. Proponho assim que os autarcas dos municípios do Norte, e todos os cidadão deste região, reflictam e digam que não querem continuar com este modelo de ensino que nos atrasa cada vez mais em vez de ser uma arma para sairmos deste emprobrecimento gradual.
O que fazer então para rapidamente alterar este estado de coisas:
a) Quais são as escolas no Norte em cada distrito que mais sucesso têm nos exames da OCDE e nos exames nacionais? Quem são os professores que dirigem essas escolas ? Vamos usar os métodos dessas escolas de sucesso e aplicá-las nas outras. Vamos pegar nos professores que têm sucesso e colocá-los a gerir cada vez mais escolas e retirar da gestão aqueles que têm piores resultados. O exemplo tem de vir de cima.
b) Cada concelho, deverá estabelecer pelo menos uma escola básica e outra secundária de excelência, em associação com escolas privadas ou cooperativas, que irão servir de referência e obrigar mais cedo ou mais tarde o ministério da educação a mudar de atitude.
Este é um custo que vale a pena ter em cada Município! Dar o exemplo é a forma mais fácil de ter razão.
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