A cada ano que passa torna-se cada vez mais visível a necessidade urgente de uma estratégia eficaz que promova o aumento das exportações, que crie mais e melhor emprego, e que trave o galopante crescimento da divida pública. Deixar ao mercado, aos investimentos em obras públicas ou aos programas comunitários a tarefa de criar riqueza já provou nos últimos 15 anos que não funciona. A competição global é cada vez mais feroz, as empresas privadas nos sectores expostos à concorrência têm pouco capital financeiro e humano e a reprodutibilidade do investimento em obras públicas é muito baixa ou negativa, dado o facto do enorme crescimento da divida publica na ultima década face a um crescimento muitíssimo baixo do PIB. Precisamos então de uma nova visão estratégica!
Onde estão as grandes forças do Norte? Concentradas principalmente em três grandes grupos de instituições:
a) As empresas privadas ; b) as autarquias; c) as universidades
É a partir deste triângulo, ao qual se deverá juntar o Governo/Administração Central logo que assim o entenda, que eu proponho que se faça uma “revolução cultural” com vista ao crescimento económico reprodutivo e sustentável. A revolução cultural que proponho passa por uma redefinição das prioridades das autarquias e das universidades : ambas deverão assentar a sua estratégia principal no apoio às empresas sediadas no Norte e à criação de novas empresas e industrias / sectores económicos.
Todas as universidades e autarquias já têm em maior ou menor grau estruturas de apoio à instalação ou criação de empresas, no entanto são actividades de certa forma secundárias, pelo menos no que respeita aos montantes financeiros envolvidos. O mais fácil para as universidades e autarquias é continuaram a apostar com 95% do seu orçamento numa continuidade até agora consensual, servindo os 5% que usam para apoiar actividades empresariais como um tranquilizador de que estão a fazer a sua parte. No entanto 5% não chega, como podemos verificar. Claro que uma postura também fácil é dizer que o Governo/Administração Central também segue a regra dos 95% e só canaliza 5% do orçamento nacional para o apoio/criação de empresas/sectores, pelo que as autarquias e universidades do Norte fazem o que lhes compete, nem mais nem menos que o resto do Estado.
Mas aí é que está a diferença que proponho: O Norte deve liderar uma aliança forte e com recursos entre autarquias/universidades e empresas privadas, não deve ficar á espera! O resto do país virá a seguir caso esta região dê o exemplo, até porque é uma estratégia que a todo o Norte vai beneficiar, e assim quanto mais cedo começar a ser implementada melhor. Claro que para o Norte tudo seria mais fácil se fosse o Governo Central a liderar e a financiar esta estratégia, mas tal não parece possível no curto prazo. E por onde começar?
a) Criação de fundos de capital de risco de grande dimensão (um por cada Associação de Municípios) a partir do orçamento de cada município e de cada Universidade, complementado por fundos públicos nacionais e comunitários. Gestão partilhada entre municípios e universidades. Estes fundos deverão participar no capital e na gestão de empresas existentes ou em novas empresas localizadas em cada sub-região respectiva, num máximo de 40% do capital.
b) As universidades devem focar os seus cursos nas áreas que têm maior empregabilidade e propor trabalhos de fim de curso, mestrados e doutoramentos o mais possível ligados ao apoio e investigação sobre o tecido empresarial existente, ao lançamento de novas tecnologias/produtos ou serviços passíveis de serem usadas no curto prazo em empresas existentes ou em start-ups.
c) Criação de incubadoras de empresas, com instalações, apoio jurídico, planos de marketing , contabilidade, contactos com capital de risco, etc.
Mas não pensemos que apenas cursos de engenharias, ciências ou economia/gestão se devem dirigir aos problemas do desenvolvimento económico e criação de riqueza. Também os cursos de humanidades, artes e ciências sociais se devem envolver profundamente, procurando responder com propostas concretas às questão mais complexas que se nos deparam: porque as empresas não conseguem competir e crescer? O que mudar no sistema de ensino básico, secundário e superior para com os mesmos recursos financeiros conseguir melhores resultados ? O que alterar no funcionamento das autarquias para optimizar o seu funcionamento e relação com os cidadãos ? O que falta na relação entre os deputados eleitos e os problemas concretos de cada distrito ?
Deverão então ser formulados Programas de Investigação nas Humanidades e nas Ciências Sociais que formulem e proponham teses e respostas às questões pertinentes que nos envolvem aqui em Portugal, sobretudo às questões do desenvolvimento económico, dos resultados da educação, da eficácia da administração autárquica, e também ás questões da organização dos sistemas de saúde, da justiça.
Precisamos que as Universidades apareçam à sociedade como detentoras do saber que faz, que provoca o progresso, que está envolvida no dia à dia com as empresas, que no final do dia serão as responsáveis pela criação ou não da riqueza e dos empregos tão indispensáveis e tão difíceis de criar e manter, neste mundo de competição total.
Por coincidência foi criado há pouco tempo um movimento no Facebook que já conta com mais de 200 membros chamado de Movimento pela Autonomia da Região Norte
ResponderEliminarMeu caro, diria que não foi coincidência...é um sinal de que as coisas estão a chegar a um ponto intolerável. Abraço, vap
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