segunda-feira, 26 de abril de 2010
36º Aniversário do 25 de Abril - Uma referência ao Desenvolvimento Regional
O 36º aniversário da “Revolução dos Cravos” seguiu o protocolo dos últimos anos, com a população distante e os discursos da praxe na Assembleia da República. No mesmo ano em que se comemoram os 100 anos da Implementação da República, a oratória e postura dos representantes dos portugueses roçou mais uma vez a vulgaridade.
A acompanhar os habituais (e merecidos) elogios e exortações à Revolução e seus autores, seguiu-se a crítica feroz ao governo, e anuncio das irreversíveis desgraças nacionais. Palavras demasiado nuas de sentido e propostas para receberem da opinião pública qualquer credibilidade.
Das palavras mordazes de Fernando Rosas, ao discurso conciliador de consciências de José Pedro Aguiar Branco, pouco, muito pouco de substantivo se disse na sessão especial do Parlamento, que mais uma vez deveria celebrar a revolução, os seus princípios, ideais e vontades. Jaime Gama demonstrou mais uma vez os seus dotes como tribuno e trouxe alguma elevação àquela manhã de Domingo, que o Presidente da República fechou com um discurso optimista e inspirador.
Demarcando o seu discurso da tradicional oratória política, Cavaco Silva, preferiu indicar caminhos, e o seu discurso deverá ser pesado como uma motivação para agir. Não pela novidade da invocação do mar como desígnio nacional, já o tinha feito Mário Soares. Não por colocar a seu lado as “industrias criativas”, pois são já uma tendência global nos discursos políticos um pouco por todo o mundo.
Mas por falar explicitamente do desenvolvimento regional ao indicar o Porto e sua área envolvente como um farol do desenvolvimento nacional na fileira das “industrias criativas”.
A constatação nem sequer é muito disruptiva, pois o Porto é há já muito tempo um motor ao nível da criação, seja na moda, na arte, na arquitectura ou no software. Mas talvez, como dizia Carlos Magno no seu comentário ao discurso presidencial, “tenha feito bem a Cavaco Silva as visitas a Serralves”. Serralves e outras instituições culturais da cidade, a par da capacidade educativa de instituições como a Universidade e o Politécnico, dão ao Porto o perfil certo para ocupar esta posição. Se a isto somarmos o tradicional espírito empreendedor das gentes do Norte, o Porto assumirá, sem favores, o lugar primeiro neste sector.
Não pode contudo haver um centro de desenvolvimento sectorial se não houver investimento. Se não houver uma estratégia nacional nesse sentido e se as decisões estruturais continuarem a ser tomadas ao abrigo de uma qualquer clientela política.
Se como disse Cavaco, é necessário transformar o Porto num caso de sucesso neste sector, como Barcelona ou Amesterdam, é necessário seguir o caminho certo e sem atalhos ou desvios. Não tenho duvidas que esse caminho passa pelo desenvolvimento regional, descentralizado, que permitirá ao país crescer como um todo. E não da forma desordenada, desequilibrada e desestruturada, outros três “D’s” para somar aos de Abril de ’74, e que não poderão ser colmatados sem autonomia regional.
Não devemos também esquecer os valores de Outubro de 1910, “Liberdade, igualdade e fraternidade”. Estes valores foram reforçados na revolução de 1974, mas continuam por cumprir na sua plenitude.
Á Primeira República devemos os princípios e os valores, a Abril devemos a “Liberdade”, mas será à Regionalização que ficaremos a dever o desenvolvimento equitativo de Portugal.
Tiago de Almeida
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