sexta-feira, 19 de março de 2010
Uma possibilidade chamada Regionalização
Benjamin Zander é uma referência internacional na música, tendo dirigido já algumas das mais prestigiadas orquestras mundiais. Contudo há já algum tempo que Zander se notabiliza como orador, assentando o seu discurso numa apresentação disruptiva baseada no seu livro a Arte da Possibilidades.
A Casa da Música recebeu recentemente o maestro para uma conferência que encheu por completo a Sala Guilhermina Suggia e onde marcaram presença gestores de algumas das mais prestigiadas empresas nacionais.
Da teoria de Zander, retira-se um conceito basilar, o “Mundo das Possibilidades” em contraponto à “Espiral do Pessimismo”. Ou seja a capacidade de encontrar possibilidades/oportunidades em todos os momentos por oposição ao mergulhar no pessimismo e do desânimo.
Os portugueses necessitam desesperadamente de encontrar o caminho para sair dessa espiral onde efectivamente o país se encontra mergulhado. Não devemos contudo confundir optimismo com irrealismo, é urgente construir uma postura optimista, mas é necessário conhecer a realidade para poder encontrar as oportunidades que Zander fala.
Mas será possível pensar de forma positiva quando os choques da realidade nos alertam para uma situação financeira sem precedentes, sobretudo na região Norte que substitui agora o interior do país na liderança do ranking nacional de pobreza.
Isso mesmo afirma um estudo que a Jerónimo Martins apresentou recentemente, baseado em dados recolhidos na sua rede de lojas. “Há fome em Portugal”, afirmou Pedro Soares dos Santos quando apresentou o estudo, acrescentando que “o país está triste e inseguro quanto ao futuro”.
A investigação da JM revela que é o eixo Caminha-Gaia que mais sofre esta pressão financeira, juntamente com a zona de Vila da Feira, seguindo-se depois a Península de Setúbal. Mas as más noticias para o Norte não ficam por aqui. Os números do INE sobre o desemprego são claros: a região Norte foi a mais penalizada no que diz respeito à perda de postos de trabalho.
A destruição de postos de trabalho ascendeu em 2009 a 3,2%, ou seja qualquer coisa como menos 58 mil empregos. O impacto a curto prazo desta realidade pode ser dramático, não só do ponto de vista do crescimento mas sobretudo no que diz respeito à estabilidade social.
Com este tipo de notícias não é fácil abandonar a “Espiral do Pessimismo”, mas é urgente descobrir o caminho para o “Mundo das Possibilidades”. A construção duma solução para este problema nacional pode bem passar pelo caminho da Regionalização.
Será este momento difícil o tempo certo para abraçar esta possibilidade? E sobretudo, existirá energia e emprenho suficientes na população e na classe política para fazer avançar para este processo?
Tiago Almeida
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