O Movimento Norte Sim, defende uma Região Norte coincidente com a actual região plano e um modelo de regionalização administrativa consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O Movimento Norte Sim, considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que esta Região Norte se depara.

O Movimento Norte Sim, luta para que o Norte possa decidir o seu futuro, com mais eficácia e menores custos, através de um poder eleito democraticamente.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Ainda o PEC...

"Horizontes: Portugal: um país sem vergonha"

(via, Semanário Grande Porto)

"1. Ontem, dia 8 de Março de 2010, fiquei boquiaberto ao ouvir as primeiras notícias sobre o famoso PEC (Pacto de Estabilidade e Crescimento). Então não é que a macrocefalia lisboeta perdeu a vergonha por completo!? Sem qualquer receio, pelos vistos justificado, das reacções de indignação dos Nortenhos, de cuja memória já não consta o desembarque de D. Pedro na Praia da Memória, roubam descaradamente as zonas mais pobres do país, na sua ânsia de tornarem Lisboa como o destino europeu mais importante do mundo; os estúpidos, não se lembram de que, por mais aeroportos, portos, TGVs e pontes que façam, nunca conseguirão modificar um desenho geográfico que nos coloca na periferia da Europa. Só assim se compreende o “pacto partidário”, que, sem qualquer rebuço, decide que as ligações ferroviárias rápidas do Porto para Lisboa e para Vigo terão que ser adiadas, ao contrário do que sucede com a ligação, de longe a mais cara, entre Lisboa e Madrid.

2. Apesar da minha provecta idade (os 60 estão à porta), ainda continuo suficientemente ingénuo para pensar que as forças políticas nortenhas nos iriam presentear hoje de manhã com um conjunto de reacções de fúria, absolutamente previsíveis, face a decisão tão escandalosa. Qual quê? Veja-se, por exemplo, o jornal portuense que durante muitas dezenas de anos foi alvo da minha predilecção, dada a coragem com que geralmente denunciava, na 1ª página, tropelias do género: limita-se a referir, em grandes parangonas, a penalização dos contribuintes em IRS.

3. Sinceramente, sinto-me chocado com a cobardia da minha geração e da que se lhe segue. O que vão fazer os mais de 50% de deputados da Assembleia da República, que deveriam lutar ferozmente para que esta medida não fosse tomada? Leiria, Coimbra, Aveiro, Porto, Braga, para não falar nas regiões do interior norte, não serão fortemente penalizadas por este adiamento de 2 anos, que (passe a minha ingenuidade) se irão certamente transformar em 3, 4 e muitos mais? Se somos todos portugueses, que razão justifica que se dê prioridade à nossa ligação aos espanhóis, em detrimento da ligação entre portugueses? Eu digo qual é essa razão: é que em Portugal há portugueses de 1ª e de 2ª, o que explica o grande fluxo de migração para Lisboa, porque todos querem ser de 1ª; e, depois de o serem, … Claro que há sempre explicações, absolutamente absurdas, de aproveitamentos de dinheiros da Comunidade Europeia, como se esta tivesse como objectivo principal privilegiar regiões favorecidas (como Lisboa e Vale de Tejo) em detrimento de zonas deprimidas (como a Zona Norte).

4. Para finalizar, gostaria de lembrar aos mais esquecidos (e quando dá jeito, a perda de memória é muito rápida) o que aconteceu até chegarmos a esta opção de trajecto na ligação em TGV entre Portugal e Espanha (forma eufemística com que nos costumam presentear os grandes obreiros da ligação Lisboa – Madrid). Pois bem, nem no tempo do Salazar havia tanto centralismo. Basta olhar para o mapa 1 anexo, em que recordo as ligações a Portugal das principais linhas europeias. A mais famosa era sem dúvida o Sud Express, que estabelecia uma ligação a meio do país para Espanha e França, proporcionando um tratamento equitativo a todos os portugueses. Qual a razão de tal opção para o TGV ter sido abandonada, quando, como se pode ver no mapa 2 anexo, ainda em 2003 era vivamente defendida pelos 2 países ibéricos?! A resposta é bem simples: é preciso que os portugueses vão prestar a sua vassalagem a Lisboa, antes de se ausentarem do país. Vai ser assim para o comboio e cada vez mais será assim para outras coisas (como as ligações aéreas para o Brasil e para os Estados Unidos da América). E viva a grande descentralização portuguesa, em que cada vez mais nos estamos a afogar! "

Autor, Aquiles Araújo Barros | Professor universitário

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